02 Agosto 2017
A grande reposição deste Verão
Duas obras-primas, cantadas e encantadas, de Jacques Demy em novas versões digitais restauradas, no cinema Ideal, em Lisboa
Les Parapluies de Cherbourg (Os Chapéus de Chuva de Cherburgo)
Les Demoiselles de Rochefort (As Donzelas de Rochefort)

Assinalando os 50 anos de Les Demoiselles de Rochefort, que com Les Parapluies de Cherbourg constitui o díptico mais notável da obra de Jacques Demy, e em novas e incomparáveis versões digitais restauradas, a Midas promove o grande acontecimento cinematográfico deste Verão 2017: os dois musicais, filmes gémeos, de um esplendor sem par assinados por Demy serão repostos a 17 de Agosto em exclusivo no Cinema Ideal, em Lisboa.

Os Chapéus-de-Chuva de Cherburgo (1964), Palma de Ouro no Festival de Cannes, é prova da audácia e do talento sem par de Demy, que realiza com a colaboração de Michel Legrand, que também musicará As Donzelas de Rochefort, o primeiro filme totalmente cantado, algo inédito, pois até à data, mesmo os musicais americanos, alternavam sequências musicadas e sequências de diálogos. Bela, melancólica e triste história de amor, das interpretações dos actores (Catherine Deneuve, Nino Castelnuovo, Anne Vernon) às cores dos décors e ao guarda-roupa tudo é perfeito neste filme de Jacques Demy.

As Donzelas de Rochefort cumprem este ano o seu 50º aniversário. Desde a estreia, em 1967, que esta obra-prima de Demy foi um sucesso de público e crítica. Protagonizado por Catherine Deneuve e Françoise Dorléac, é uma comédia musical “à americana”, que conta inclusive com a participação de Gene Kelly, e em que câmara e personagens dançam num filme saído do universo fantasioso de um conto-de-fadas, em que todos procuram o amor, ideal distante, sem perceberem que pode estar mesmo ao virar da esquina.

Jacques Demy é um dos mais conceituados realizadores franceses, de quem a Midas já editará em DVD Lola, A Baía dos Anjos e Um Quarto na Cidade, três filmes incontornáveis na carreira do realizador e três papéis míticos de três grandes actrizes: Anouk Aimé, Jeanne Moreau e Dominique Sanda.


“Uma linha de força fundamental no cinema de Demy: o desejo de construir um mundo não a partir do nada, mas literalmente a partir do mundo filmado – dimensão simultaneamente activa e passiva, primitiva e moderna. E que melhor explicação dessa dialéctica de edificação que os “filmes musicais” de Demy? Não são Les Parapluies de Cherbourg e Les Demoiselles de Rochefort a criação de um mundo gerado e mantido pela música? (…) Tudo se passa como se nos filmes de Demy (directamente musicais ou não) se pretendesse provar que a música é o destino do cinema. Não admira que, para os próprios personagens, a música surja como o seu destino. Extrapolando ao máximo esta sugestão, podemos considerar que, em Demy, toda a música é diálogo, todo o diálogo é música”.

João Lopes, catálogo Jacques Demy, Cinemateca Portuguesa