15 Dezembro 2022
ANNIE ERNAUX – OS ANOS SUPER 8 A 15 DE DEZEMBRO NOS CINEMAS, EM DVD, NOS VIDEOCLUBES DAS TELEVISÕES E NA FILMIN
Annie Ernaux – Os Anos Super 8, realizado por Annie Ernaux e David Ernaux-Briot (a escritora recentemente premiada com o Nobel da Literatura), estreia a 15 de Dezembro nos cinemas (Lisboa: Ideal e City Alvalade) e Coimbra (Casa do Cinema), ficando também disponível na mesma data à venda em DVD e em aluguer nos videoclubes dos operadores de televisão (NOS, Meo, Vodafone e Nowo) e na Filmin.
Ernaux, escritora de “Os Anos”, “O Acontecimento” e “Uma Paixão Simples”, publicados em Portugal pela editora Livros do Brasil, estreia-se assim na realização com uma reflexão sobre um tempo, que retrata ao mesmo tempo a intimidade e a sociedade dessa época.
“Ao rever os nossos filmes em super 8, filmados entre 1972 e 1981, percebi que não eram apenas um arquivo familiar, mas um testemunho do passado, estilo de vida e aspirações de uma classe social na década que se seguiu a 68. Queria incorporar essas imagens silenciosas numa história que juntasse o íntimo ao social e à história, para transmitir o sabor e a cor daqueles anos.” Annie Ernaux
«Terão sido os netos a fazer valer a sua curiosidade perante os filmes de amador que a avó tinha guardados e que documentam uma família entre 1972 e 1981, quando uma câmara Super 8, a grande moda, veio parar às mãos dessa família. David Ernaux tratou de seleccionar os filmes e hierarquizá-los. Annie escreveu e leu o texto, a sua voz frágil e simultâneamente frondosa, em off. Pormenor que não é apenas isso: as imagens foram captadas pelo marido de Annie, aquele que proporcionou a uma filha do proletariado mudar de lugar na sociedade e entrar na bourgeoisie. Assim, de cada vez que a família Ernaux-Briot partia para férias, Marrocos, Portugal, Espanha, o Chile da experiência socialista de Allende ou a Moscovo dos sovietes, a câmara estava lá para captar le bonheur. Mostra hoje também, evidência que o tempo e a lucidez da trânsfuga destapou, a solidão da construção social — ou como até a decoração de uma casa pode ser rasura de identidade —, uma voz que se começava a inquietar para se fazer ouvir, o desejo de escrita, um casal a divergir no seu caminho. Os Anos Super 8 foi um momento de perfeição melancólica em Cannes com uma arqueóloga dos vestígios da sua vida, Annie Ernaux.» Vasco Câmara, Público