09 Agosto 2024
KIRA MURATOVA, 2 filmes: finalmente a revelação de uma das mais importantes realizadoras do mundo
Breves Encontros (1967) e O Longo Adeus (1971), em versões digitais restauradas 4K

«Grande, imensa. Uma cineasta especialíssima, ainda à espera de ser devidamente posicionada no panorama do cinema do último meio século», Luís Miguel Oliveira, Público

«Genial realizadora. Uma das mais marcantes em termos absolutos», Mark Cousins, Women make Film - As Mulheres fazem Cinema

«Os filmes de Muratova são audaciosos, distintos e visionários», Carmen Gray, BFI

A 22 de Agosto teremos finalmente em Portugal a oportunidade de conhecer e reconhecer a obra de uma das mais importantes cineastas do mundo e que entre nós foi apenas objecto de sessões pontuais - Kira Muratova - com a estreia de Breves Encontros (1967) e O Longo Adeus (1971), os seus dois primeiros filmes, agora em versão digital restaurada 4K.

Breves Encontros (1967) e O Longo Adeus (1971), os dois primeiros filmes que assina a solo, são retratos fabulosos de mulheres, sobre os papéis de género, as relações, os desejos, mas que mostram também a vida quotidiana sob o regime soviético.

Muratova nasceu na Moldova, mas adquiriu a nacionalidade ucraniana depois da independência, país onde viveu e onde realizou parte da sua obra, e onde morreu em 2018. Como muitos outros cineastas soviéticos, viu o seu trabalho ser censurado e proibido. O seu filme mais conhecido, O Sindroma Asténico (1989), conseguiu fugir à censura e estrear no Festival de Berlim, onde conquistou o Prémio Especial do Júri.

Com a estreia / reposição destes dois clássicos, pensamos estar a contribuir para a descoberta de uma cineasta sem par e de uma obra que ainda hoje ressoa como das mais fortes e originais da história do cinema, e em particular dos novos cinemas dos anos 60/70 do século passado.

No meio de uma enxurrada de clássicos e reposições que tudo confundem e submergem, cremos estar a contribuir para a valorização do cinema como a grande arte contemporânea e para um cânone que separe águas e dê a ver o que são as grandes obras-primas e os melhores trabalhos de ruptura e afirmação do que é novo e brilhante.

As traduções/ legendagens dos filmes são da responsabilidade de Maria João Madeira e Catarina Feiteira, com acompanhamento a partir do original russo por Boris Nelepo, Vitali Gnatiuk e Elena Ukrainskaya.

Breves Encontros (1967)
História de um triângulo amoroso, em que a própria realizadora interpreta uma das protagonistas e que cruza uma mulher de sucesso que integra o Comité Distrital local, o seu marido geólogo e  uma jovem da aldeia que ela contrata para a ajudar em casa.

O Longo Adeus (1971)
Uma mãe determinada a manter o filho adolescente perto dela, mesmo quando ele sonha em reencontrar o pai. Retrato de uma mulher que acaba por revelar a sua vulnerabilidade e o medo de ficar sozinha.