Roschdy Zem conquistou o César de Melhor Actor pelo papel de um comissário de polícia com uma intuição apurada que sabe sempre quando um suspeito está ou não a mentir.
É noite de Natal em Roubaix. Há altercações, carros incendiados e um jovem inspector que acaba de chegar e quer impressionar o chefe. Duas jovens mulheres são suspeitas na morte de uma idosa. Mas o caminho para chegar à luz e à verdade é sinuoso.
"Em Roubaix, Misericórdia, nova longa-metragem de Arnaud Desplechin, o realizador transforma esse momento de reconstituição do crime numa sequência alucinante, jubilatória, como se se tratasse de “um casamento” — as personagens agora chamam-se Claude (Léa Seydoux) e Marie (Sara Forestier). Através do crime um casal reencontra-se, a confissão, mais do que a conformidade com a lei ou as despesas para com o formato do filme policial, é um pacto de amor." Vasco Câmara, Público
"Enchendo todas as medidas, Roschdy Zem é o homem do filme, ator de uma arte discreta que começa no semblante de serena grandiosidade e acaba na postura de inefável nobreza, com uma lucidez à prova de bala (e, já agora, sem o exibicionismo comum dos raciocínios detetivescos)." Inês N. Lourenço, DN
Arnaud Desplechin está mais interessado em seguir, com o máximo de minúcia e realismo nu e cru, e dispensando o romanesco, todos os passos de uma investigação a um fogo posto e ao assassínio de uma octogenária. “Roubaix, Misericórdia” é um filme de ambiência policial “true crime”, mas com uma grande mochila de observação e preocupação social." Eurico de Barros, Observador
"O filme é
marcadamente realista mas cria personagens que transcendem essa dimensão e
todos os actores principais são aqui notabilíssimos (Léa Seydoux, Sara
Forestier, Antoine Reinartz). Acima de todos eles está a personagem de Daoud,
que me lembrou esse arquétipo cinematográfico que é Clint Eastwood, em
particular no filme Absolute Power (Poder Absoluto, 1997), onde o então crítico
de cinema Miguel Gomes vira um fantasma protector, que é o que o comissário
Daoud também significa em Roubaix… O modo como ele conduz as diferentes
investigações mostra que nada do que é humano lhe é estranho, e dá origem a uma
espécie de sensação de apaziguamento da parte dos infractores, tanto nos crimes
de menor importância como nos crimes capitais." Ricardo
Gross, à pala de Walsh